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A Arte como Pedestal da Sustentabilidade.

Que a arte tem sido utilizada como ferramenta de terapias alternativas para doenças até em casos graves, não é nenhuma novidade. E se, além disso, ela pudesse ser enxergada como uma forma de curar o planeta como um todo?

Vladmir Kush

Já há alguns (muitos) meses uma dessas perguntas existenciais vem me instigando de forma insaciável: O que realmente leva o ser humano a atos de transformações sustentáveis?

Primeiramente, acho importante desmitificarmos a palavra sustentabilidade, uma vez que sempre que uma palavra acaba caindo no modismo, corre sérios riscos de se tornar banal e obsoleta. E tudo que desejo aqui é me afastar de um conceito banal e obsoleto.


A palavra “sustentável” provém do latim sustentare (sustentar; defender; favorecer, apoiar; conservar, cuidar). Sustentabilidade nos dicionários está definida como a habilidade, no sentido de capacidade, de sustentar ou suportar uma ou mais condições, exibida por algo ou alguém.


Entendemos aqui pela simples etimologia da palavra então que sustentabilidade vai muito além de você separar seus resíduos, usar escovas de dentes de bambu e levar sua ecobag para o mercado. Não quero subjugar essas atitudes, pelo contrário, entendo na verdade essas ações como reflexos positivos de alguém que minimamente se sensibilizou com as dores da Natureza, e que de alguma forma, está tentando contribuir para não machucá-la ainda mais.


O meu questionamento, vem justamente de uma reflexão anterior a este movimento. O que em uma camada mais singela faz com que as pessoas sintam as dores da Natureza como se fossem (e são) suas de maneira que elas entendam a importância de cuidar delas como a si mesmos?


"A arte é a contemplação; é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que a natureza também tem alma."
Auguste Rodin

A resposta não é objetiva e na verdade permeia e toca em uma camada de sensibilização sutil e particular a cada um. Que a arte tem sido utilizada como ferramenta de terapias alternativas para doenças até em casos graves, não é nenhuma novidade. E se, além disso, ela pudesse ser enxergada como uma forma de curar o planeta como um todo?


Antes mesmo de colocar tudo isso em palavras, depois um conversa sobre essa reflexão com uma amiga, ela me mandou um vídeo da poeta portuguesa Matilde Campilho, em entrevista a Eric Nepomuceno, onde ela fala sobre a função da arte. Recomendo assistir para sustentar toda essa reflexão:



Parece óbvio que nossos processos de aprendizados mais enriquecedores vem através da Arte. Quando crianças, nós costumávamos nos expressar criativa e artisticamente na escola e em casa. Pois bem, em que momento da nossa vida adulta essa maneira de aprendizado e expressão foi anulada? Desconfio que na medida em que a competição foi sendo injetada em nossas mentes, como um veneno que vai nos distanciando de nós mesmos, para que possamos virar mais uma máquina nesse sistema monótono e linear. Quando paramos de nos expressar criativamente, nos tornamos escravos de nós mesmos. Não somos mais capazes de nos sustentar de forma autêntica. Somos apenas capazes de sustentar um mundo, onde sequer realmente entendemos se faz sentido para nós.


"Se a perda da individualidade é de qualquer modo imposta ao homem moderno, o artista oferece uma vingança e a ocasião de se encontrar. Ao mesmo tempo em que ele se dissolve no mundo, em que ele se funde no coletivo, o artista perde sua singularidade, seu poder expressivo. Ele se contenta em propor aos outros de serem eles mesmos e de atingirem o singular estado de arte sem arte."
Lygia Clark

Considerando que os diálogos hoje estão cada vez mais difíceis, entramos em conversas para impor nossas crenças e defendê-las com unhas e dentes e não de fato ouvir e compreender. A Arte nos convida a emergir no nosso próprio interior. Ai que está a mágica, a Arte tem o poder de colocar luz em nossas próprias emoções. Ela está no topo da pirâmide do autoconhecimento perante as nossas inquietações. E este tipo de conexão é mais difícil de sofrer interferências, por que é única em sua interpretação e forma de expressão, assim como tudo na Natureza.

E isso tudo é maravilhoso, na verdade, tudo isso é mais do que maravilhoso, é poderoso suficiente para nos transformar, de dentro, para fora.


O que eu quero dizer com tudo isso é: será que a sua ação mais sustentável seja mesmo levar a sua ecobag pro mercado? Será que não seria talvez a sua prioridade mais sustentável do momento rever a forma com que você está tratando o seu irmão? porque na verdade, isso também é sustentabilidade.

Não tenho a resposta para esse questionamento, na verdade, a única pessoa que sabe qual é a melhor forma de se sustentar, é você mesmo.

A ma noticia é que não fomos ensinados a termos tal compreensão, na verdade, ao contrário disso. E a boa é que estamos caminhando para um lugar em que - talvez - nos ajude nessa busca, pois enquanto vivos, ainda há tempo.


E foi pensando nisso que a Jornada rECOnectar nasceu. Para que possamos exercitar nosso olhar e atitudes em relação a nós mesmos, e a partir disso consolidado, conseguirmos reconhecer a Natureza como parte de nós. É através de experiências de sensibilização que conseguimos identificar que as nossas atitudes de autocuidado ocupam um lugar tão ou mais importante do que quaisquer outras atividades que viemos priorizando até o momento. Dessa forma, é possível reconhecer a nossa única e real potência de transformação dentro do coletivo.


É tempo de rECOnectar.




Nathalia Nasralla

Co-fundadora rECOnectar

Empreendedora & Diretora Criativa

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